A migração de uma empresa de factoring para uma securitizadora representa um avanço estratégico, permitindo maior flexibilidade, segurança e oportunidades de investimento. No entanto, este processo exige uma série de ajustes e adaptações.
- Planejamento estratégico
O primeiro passo é avaliar a viabilidade da migração, considerando aspectos legais, operacionais e financeiros. Enquanto o factoring oferece adiantamentos imediatos sobre os recebíveis, a securitizadora transforma esses recebíveis em ativos negociáveis, abrindo portas para novas formas de captação de recursos.
Em seguida, é preciso definir os objetivos da operação, como estabelecer metas claras para a securitizadora relacionadas ao volume de operações e perfil de investidores. Definir a carteira de créditos que será securitizada, os tipos de títulos a serem emitidos e a estrutura de pagamento.
- Adequação às normas legais
Uma das diferenças mais significativas é o arcabouço regulatório. Factoring, no Brasil, é um serviço menos regulamentado, enquanto uma securitizadora opera sob normas mais rigorosas, especialmente quando envolve o mercado de capitais e a emissão de títulos mobiliários de caráter público (CVM). Verifique as leis aplicáveis e consulte especialistas na regulação do setor. Certifique-se de que sua empresa está pronta para cumprir as exigências contábeis e de auditoria associadas a uma securitizadora.
- Reestruturação da empresa
A securitização exige uma estrutura corporativa mais complexa, onde é equiparado a uma (SPE – Sociedade de Propósito Específico) para emitir os títulos que serão vendidos a investidores. Isso requer mudanças na forma como a empresa é organizada e gerenciada.
É necessário ajustar os contratos com clientes e fornecedores para se adequar às novas operações, treinar a equipe para as novas funções e responsabilidades, além de adotar sistemas de gestão específicos para securitização.
- Captação de recursos
Um dos principais benefícios de ser uma securitizadora é a possibilidade de acessar novos canais de financiamento, como fundos de investimento e investidores institucionais. A empresa pode emitir Certificados de Recebíveis (como CRIs ou CRAs) lastreados em seus ativos. Para isso, é fundamental acompanhar o desempenho da carteira de créditos securitizados, implementar medidas para mitigar os riscos associados à carteira e manter uma comunicação transparente e eficaz com os investidores.
- Transição operacional e compliance
Diferente do factoring, no qual a empresa compra os recebíveis, na securitização há uma separação clara entre a empresa e os recebíveis. Isso requer a implementação de novos processos de gestão de risco e monitoramento de carteira, pois a empresa terá que garantir a solvência dos recebíveis securitizados. Por isso, é fundamental adotar práticas de governança corporativa e realizar auditorias internas e externas para garantir a conformidade das operações.