O Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) é um título de crédito utilizado como instrumento de captação de recursos por empresas que atuam no setor do agronegócio. Ele permite que essas empresas transformem seus direitos de recebimento de pagamentos futuros em títulos negociáveis no mercado financeiro.
O CRA é emitido por uma securitizadora, que adquire os direitos de crédito das empresas do agronegócio e os transforma em títulos lastreados nessas receitas. Esses títulos são então ofertados no mercado para investidores interessados em diversificar suas carteiras.
No texto, falaremos como esse benefício funciona na prática, quais os tipos existentes, quem pode solicitar, e as demais informações.
Como o CRA funciona?
Com o objetivo de receber antecipadamente seus recebíveis, os produtores agropecuários acabam por oferecer seus direitos creditórios para uma securitizadora, que adiantará esses valores com taxa de desconto e emitirá o CRA.
Na negociação, será exigida uma garantia por parte da securitizadora com um valor que deverá ser pago futuramente, podendo ser também feita por meio de hectares de terra.
O funcionamento do Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) envolve diversas etapas e participantes. Vamos explicar o processo básico de funcionamento do CRA:
Emissão:
Uma empresa do agronegócio interessada em captar recursos emite os CRAs por meio de uma securitizadora, que atua como intermediária nesse processo. A empresa cede os direitos de crédito relacionados a recebíveis futuros, como vendas de produtos agrícolas ou contratos de fornecimento, para a securitizadora.
Separação dos direitos de crédito:
A securitizadora separa os direitos de crédito recebidos da empresa do agronegócio em uma massa única, constituindo assim o lastro do CRA. Essa massa de direitos de crédito é responsável por respaldar os títulos emitidos.
Emissão dos CRAs:
Com o lastro definido, a securitizadora emite os CRAs, que representam frações do lastro de direitos de crédito. Esses títulos são registrados e escriturados, o que significa que as informações sobre a propriedade dos CRAs são registradas eletronicamente.
Distribuição dos CRAs:
Os CRAs são oferecidos no mercado para investidores interessados. Isso pode ser feito por meio de ofertas públicas, em que qualquer investidor pode participar, ou por ofertas restritas, direcionadas a investidores qualificados.
Negociação no mercado secundário:
Após a emissão inicial, os CRAs podem ser negociados no mercado secundário. Isso permite que os investidores comprem e vendam os títulos antes do vencimento, oferecendo liquidez aos investimentos.
Pagamento dos recebíveis:
Conforme os pagamentos relacionados aos recebíveis ocorrem, a securitizadora recebe esses valores e repassa aos detentores dos CRAs. Os pagamentos podem ocorrer periodicamente, de acordo com a periodicidade dos recebíveis que lastreiam os CRAs.
Vencimento dos CRAs:
Os CRAs possuem um prazo de vencimento definido, que é estabelecido na emissão. Ao final do prazo, a securitizadora encerra a operação e realiza o pagamento final aos detentores dos CRAs.
É importante destacar que a securitizadora desempenha um papel fundamental no processo, sendo responsável pela estruturação da operação, análise de riscos, emissão dos títulos, administração dos recebíveis e repasse dos pagamentos aos investidores. A CVM e a B3 supervisionam e regulamentam as atividades relacionadas aos CRAs, garantindo transparência e segurança aos investidores e emissores.
Quais são os tipos de CRA?
Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) podem ser classificados em diferentes tipos, levando em consideração características específicas. A seguir estão alguns dos principais tipos de CRA:
CRA de liquidez:
São CRAs com lastro em recebíveis do agronegócio de curto prazo, com o objetivo de oferecer liquidez aos emissores. Geralmente possuem prazos de vencimento mais curtos e são voltados para empresas que necessitam de recursos de forma imediata.
CRA de longo prazo:
Ao contrário dos CRAs de liquidez, esses títulos têm prazos de vencimento mais alongados, proporcionando captação de recursos de médio a longo prazo para as empresas do agronegócio. São adequados para investidores que buscam um retorno financeiro ao longo do tempo.
CRA de projeto:
São CRAs que financiam projetos específicos no agronegócio, como a construção de uma nova unidade de produção, a expansão de uma fazenda ou a implementação de uma nova tecnologia. Os recursos captados por meio desses CRAs são direcionados para financiar o projeto específico e, muitas vezes, o lastro é vinculado ao fluxo de receitas gerado por esse projeto.
CRA pulverizado:
Nesse tipo de CRA, o lastro é formado por uma diversidade de créditos, provenientes de diferentes emissores do agronegócio. Essa pulverização ajuda a mitigar riscos específicos associados a um único emissor, oferecendo uma carteira mais diversificada aos investidores.
É importante destacar que esses são apenas alguns exemplos de tipos de CRAs e que a estrutura e as características dos títulos podem variar de acordo com as necessidades e objetivos das empresas do agronegócio e dos investidores envolvidos.
Se você tem uma empresa Securitizadora e quer alavancar seus negócios, conte com a KGD Contabilidade!